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EL ESTADO DE LA UNIÓN EUROPEA

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externos e reduziu a poupança. Perda de com-

petitividade, défices orçamentais insustentáveis

e elevado endividamento do sector financeiro e

empresarial eram os principais problemas da

economia portuguesa.

A perda de competitividade e os consequen-

tes défices da balança corrente, era atribuída

pelo FMI à apreciação dos Custos Unitários do

Trabalho, à concentração de recursos no lucrati-

vo sector não-transacionável em detrimento do

transacionável. Os défices orçamentais resulta-

vam de um incremento não controlado de be-

nefícios sociais, despesas com a saúde e com a

operação “não-transparente” de empresas pú-

blicas e parcerias público-privadas (PPP). Quanto

ao endividamento, notando a ausência da ocor-

rência em Portugal de uma bolha imobiliária, o

FMI enfatizava a elevada

alavancagem

dos ban-

cos e o elevadíssimo endividamento (nomeada-

mente externo) do setor privado.

Implícita no diagnóstico do FMI, estava a ideia

de que a adesão ao euro não era uma causa dos

desequilíbrios da economia portuguesa, mas an-

tes uma alteração de contexto que tinha tornado

manifestas, deficiências “profundamente enrai-

zadas” da economia portuguesa, nomeadamen-

te: obstáculos à concorrência e proteção do sec-

tor não-transacionável, rigidez do mercado de

trabalho (fixação dos salários, benefícios de de-

semprego, indeminizações por despedimento),

elevado stock de trabalhadores não qualificados

e ineficiência do sistema judicial.

Em conformidade com este diagnóstico o

programa de resgate apresentava-se, não como

um paliativo, mas como parte de uma terapia

capaz de erradicar as deficiências estruturais da

economia portuguesa. Os seus objetivos eram:

(a) estimular a competitividade e o crescimento;

(b) instilar confiança e assegurar a estabilidade

orçamental; e (c) salvaguardar a estabilidade fi-

nanceira.

A lógica do programa, baseada nas ideias de

“desvalorização interna” (como alternativa à

desvalorização cambial) e de austeridade expan-

sionista, era exposta com grande clareza. Na

ausência de política cambial, a competitividade

e o crescimento seriam obtidos com a “desvalo-

rização interna” – flexibilidade do mercado de

trabalho, mais concorrência no sector não tran-

sacionável e menores contribuições sociais para

aumentar a rentabilidade do sector transacioná-

vel. A consolidação orçamental deveria conciliar

o restabelecimento da confiança dos mercados

e o crescimento através de medidas credíveis

tomadas logo no arranque do programa (

front-

-loading

). A salvaguarda da estabilidade do se-

tor financeiro deveria ser obtida com soluções

de capitalização dos bancos “baseadas no mer-

cado” e apoio público ao restabelecimento do

seu acesso aos mercados de capitais.

Os resultados do resgate à luz dos

objetivos do FMI

Tendo em conta o diagnóstico das instituições

da troika acima referido e os objetivos estabele-

cidos para o programa, a avaliação dos seus re-

sultados na ótica do FMI enfatizaria provavel-

mente três dimensões: (a) impacto no

crescimento, emprego e competitividade; (b)

impacto no défice orçamental e evolução da dí-

vida pública; (c)

desalavancagem

da banca e

concessão de crédito.

O programa de ajustamento teve um impac-

to recessivo que ultrapassou em muito as espec-

tativas dos seus autores. De acordo com as pre-

visões do FMI, a economia portuguesa sofreria

dois anos de recessão, em 2011 e 2012, e reto-

maria o crescimento em 2013. O PIB de 2014,

situar-se-ia, em termos reais, apenas 0,4 % abai-

xo do seu nível de 2010. Na realidade, a recessão